O termo Soulslike se tornou sinônimo de desafio e dedicação no universo dos videogames. Surgido a partir do sucesso da franquia Dark Souls, esse gênero conquistou um público fiel que valoriza o equilíbrio entre dificuldade e recompensa. No entanto, o crescimento dos Soulslike também levanta questões sobre acessibilidade e mudanças na indústria.

Origem e evolução do gênero Soulslike

O gênero Soulslike nasceu com o lançamento de Demon’s Souls (2009) e ganhou notoriedade mundial com Dark Souls (2011), ambos desenvolvidos pela FromSoftware sob a direção de Hidetaka Miyazaki. Esses jogos trouxeram um novo paradigma: combate meticuloso, narrativa minimalista e design de mundo interconectado que desafiava a paciência e a habilidade dos jogadores.

Além dos títulos da FromSoftware, o gênero inspirou jogos que expandiram sua base e conceito. Entre eles, destacam-se:

  • Bloodborne (2015): Outro clássico da FromSoftware, conhecido por seu ritmo mais rápido e atmosfera gótica.

  • Sekiro: Shadows Die Twice (2019): Introduziu elementos de furtividade e parry precisos, ganhando o prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards 2019.

  • Nioh (2017) e Nioh 2 (2020): Desenvolvidos pela Team Ninja, mesclam Soulslike com ação oriental e personalização profunda.

  • Hollow Knight (2017): Indie aclamado que combina o estilo Soulslike com a exploração 2D.

  • Blasphemous (2019): Traz uma ambientação sombria e brutal com forte influência da cultura espanhola.

  • Salt and Sanctuary (2016): Soulslike em plataforma 2D que enfatiza o combate estratégico e a exploração.

De acordo com a consultoria Newzoo, o gênero Soulslike cresceu 25% em popularidade entre 2015 e 2023, comprovando sua forte demanda.

Características, dificuldade e sensação de recompensa

A principal característica do Soulslike é sua dificuldade elevada. O jogo desafia o jogador a aprender com cada erro, oferecendo um sistema de combate preciso onde a atenção ao timing e à movimentação é crucial. O uso da voz ativa se reflete na interação direta do jogador com o ambiente e inimigos — nada é automático, e o fracasso é parte essencial do aprendizado.

A sensação de recompensa no Soulslike é única e poderosa. Diferentemente de jogos mais lineares, vencer um chefe ou superar um desafio complicado gera uma satisfação profunda, fruto do esforço pessoal. Essa recompensa emocional é reforçada pela tensão constante e pelo risco de perder progresso, pois a morte retorna o jogador a pontos anteriores, geralmente retirando recursos importantes.

Por exemplo, em Dark Souls, perder as “almas” (a moeda do jogo) e conseguir recuperá-las em um esforço subsequente cria uma narrativa pessoal de superação. Jogadores frequentemente relatam momentos em que a persistência contra um chefe especialmente difícil tornou a vitória memorável, algo que poucos jogos proporcionam com a mesma intensidade. Além disso, o design ambiental dos Soulslike estimula a exploração cuidadosa, com segredos escondidos e narrativas fragmentadas que enriquecem a experiência. Essa combinação entre desafio, descoberta e recompensa cria um ciclo viciante para o público-alvo.

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Impactos e relevância do gênero

Os Soulslike geraram impacto cultural significativo. Eles criaram comunidades dedicadas a trocar estratégias, mods e teorias sobre a lore dos jogos. Plataformas como Twitch e YouTube registram milhares de vídeos de “let’s plays” e tutoriais, reforçando o engajamento em torno do gênero.

Economicamente, o gênero provou ser altamente lucrativo. Dark Souls III vendeu mais de 10 milhões de cópias, enquanto Sekiro ultrapassou 5 milhões, conforme dados oficiais das desenvolvedoras. Esses números incentivam produtoras a apostar em jogos desafiadores, ampliando a diversidade no mercado e elevando o padrão de design.

No entanto, a dificuldade dos Soulslike também gera críticas. Muitos jogadores apontam a alta barreira de entrada como um obstáculo, especialmente para iniciantes. Para mitigar isso, alguns jogos adotaram modos alternativos ou mecânicas que suavizam a dificuldade, mantendo a essência do desafio sem afastar novos públicos. Além disso, o gênero abriu debates sobre acessibilidade nos videogames, incentivando discussões sobre como equilibrar desafio e inclusão. O impacto social dos Soulslike se manifesta, assim, na promoção de experiências que exigem esforço, paciência e resiliência, características valorizadas tanto no jogo quanto fora dele.

Conclusão

O gênero Soulslike estabeleceu-se como um marco na indústria de games ao desafiar convenções e proporcionar experiências profundas e gratificantes. Seu impacto transcende o entretenimento, influenciando cultura, economia e debates sobre design. Enquanto o futuro reserva novos desafios para desenvolvedores, a paixão por jogos que valorizam o esforço e a superação indica que os Soulslike continuarão a crescer. Portanto, acompanhar essa evolução revela muito sobre as tendências e expectativas do mercado de videogames.