Lisuan Tech lançou recentemente duas GPUs domésticas que prometem abalar o mercado de placas gráficas. Assim, a empresa apresentou a 7G106, voltada ao mercado gamer, e a 7G105, destinada a aplicações profissionais e de IA. Além disso, a Lisuan afirma que ambos os chips usam processo de fabricação de 6 nm e empregam a arquitetura proprietária chamada TrueGPU. Tom’s HardwareLevel Up Coding

Especificações e reivindicações de performance

Primeiro, a Lisuan declarou números ambiciosos. A 7G106 aparece com 12 GB de VRAM, enquanto a 7G105 chega a 24 GB em algumas configurações, o que favorece cargas de trabalho de memória intensiva. Além disso, fontes independentes reportaram que os chips alcançaram até mais de 70 fps em títulos AAA chineses a 4K, segundo testes iniciais publicados. Por outro lado, a Lisuan também apresentou dados teóricos de até ~24 TFLOPS de desempenho em certos modos, embora esses valores dependam de como se medem FLOPs.

Em contrapartida, a NVIDIA GeForce RTX 4060 traz especificações públicas mais conhecidas. Assim, a placa da série Ada Lovelace dispõe de 3.072 shaders, boost clock em torno de 2,46 GHz e 8 GB de GDDR6 em configuração padrão, além de aproximadamente 15 TFLOPS de potência de pico (dependendo do modelo e do clock). Portanto, a RTX 4060 foca em eficiência energética, suporte a ray tracing por hardware e recursos de IA como DLSS.

Comparação direta: 7G106 vs RTX 4060

Para comparar objetivamente, analisei os pontos mais relevantes: capacidade de memória, pico de TFLOPS, recursos de hardware para ray tracing/IA, resultados de benchmarks iniciais e ecossistema (drivers e compatibilidade).

  • Memória: a 7G106 oferece 12 GB, portanto, 50% mais VRAM que a RTX 4060 padrão (8 GB). Logo, a Lisuan leva vantagem em jogos e aplicações que consomem muita VRAM e em workloads profissionais quando comparada à 4060.

  • Cálculo bruto (TFLOPS): a Lisuan reivindica até ~24 TFLOPS, enquanto a RTX 4060 alcança cerca de 15 TFLOPS. Assim, em termos brutos de FLOPS a Lisuan aparece superior; contudo, FLOPS não traduzem necessariamente em desempenho real por causa de diferenças arquiteturais.

  • Ray tracing e IA: a Nvidia integra núcleos RT e Tensor, o que permite ray tracing em tempo real e algoritmos como DLSS. Por outro lado, relatórios indicam que a 7G105 (modelo pro) prioriza computação e pode não incluir aceleração de ray tracing por hardware, ao menos em seus primeiros modelos, o que reduz a competitividade em jogos que dependem fortemente de RT. Portanto, a 7G106 pode ficar atrás da 4060 em títulos que exploram intensamente ray tracing e upscaling por IA.

  • Benchmarks iniciais: testes sintéticos e avaliações iniciais colocaram a 7G106 próxima ou equivalente à RTX 4060 em alguns benchmarks, enquanto em outros workloads a Lisuan até supera a 4060, especialmente em OpenCL e tarefas sem RT. No entanto, esses testes ainda são esparsos e vêm de amostras preliminares; portanto, apontam tendências, não conclusões definitivas.

  • Ecossistema e drivers: finalmente, a Nvidia dispõe de anos de desenvolvimento de drivers, ampla compatibilidade com jogos e suporte a tecnologias como DLSS e Reflex. Em contrapartida, a Lisuan parte de um ecossistema novo; portanto, a empresa precisa demonstrar estabilidade de drivers, suporte a APIs (DirectX/Vulkan) e integração com jogos globais antes de confirmar desempenho consistente. Portanto, a vantagem bruta da Lisuan pode se reduzir na prática.

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Números em contexto

Além disso, convém quantificar implicações práticas. Por exemplo, um ganho de VRAM de 8 GB → 12 GB reduz trocas de memória em texturas 4K, o que melhora a estabilidade de FPS em cenários pesados. Contudo, quando jogos utilizam ray tracing intensivo, a ausência de núcleos RT dedicados aumenta a carga sobre os shaders, diminuindo a eficiência por frame. Por isso, mesmo com mais TFLOPS, a 7G106 pode ceder terreno em títulos com RT comparada à RTX 4060.

Impacto no mercado e geopolítica tecnológica

Ademais, o surgimento da Lisuan sinaliza esforço estratégico da China para independência tecnológica em semicondutores e aceleração de GPUs domésticas. Assim, fabricantes locais podem pressionar preços e aumentar oferta para mercados regionais, enquanto, por outro lado, ecossistemas de software e compatibilidade internacional ainda exigem tempo para maturar. Portanto, a entrada da Lisuan pode estimular concorrência e inovação, mas também trará desafios de interoperabilidade e certificação.

Riscos e ressalvas

Contudo, devemos salientar riscos importantes. Primeiramente, as amostras e testes publicados até agora são preliminares e focados em títulos chineses e benchmarks sintéticos. Além disso, Lisuan ainda precisa mostrar estabilidade de drivers, suporte a jogos ocidentais de grande escala e disponibilidade global. Portanto, apenas testes independentes e análises extensas confirmarão se a 7G106 oferece desempenho sustentável e custo-benefício real frente à RTX 4060.

Conclusão

Em resumo, Lisuan apresentou uma proposta tecnicamente ambiciosa. Por um lado, a 7G106 entrega mais memória e reivindica TFLOPS superiores, o que pode favorecer workloads intensivos e jogos em 4K. Por outro lado, a RTX 4060 mantém vantagens claras em eco-sistema, suporte a ray tracing e tecnologias de IA consolidadas. Contudo, à medida que a Lisuan amadurecer drivers e compatibilidade, ela pode transformar a competição no segmento de médio custo, especialmente no mercado asiático.