
Introdução
Nos anos 90, ser gamer no PC não era simplesmente sentar e ligar a máquina — era embarcar numa jornada única, cheia de desafios técnicos, descobertas e aquela emoção de sentir que você estava diante do futuro. Era uma época em que montar um computador era quase um ritual sagrado, onde cada componente tinha sua importância e cada jogo rodar perfeitamente era motivo de orgulho. Entre disquetes, instalações manuais, dores de cabeça com drivers e limitações técnicas, os anos 90 construíram a base do que o gaming é hoje, com uma mistura de nostalgia e inovação que nenhum outro período conseguiu repetir.
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Hardware: Os monstros que rodavam os jogos
No início da década, ter um PC “top de linha” significava investir pesado em processadores como o Intel 386 e, logo depois, o 486. Com velocidades de 20 a 33 MHz, esses processadores pareciam lentos para os padrões atuais, mas eram potências para rodar os jogos da época.
A memória RAM era escassa e cara: 4 MB já era um luxo inacreditável, que custava centenas de dólares — com o preço por MB girando em torno de US$ 50. Placas de vídeo 2D dominavam, e a introdução das placas 3D só começaria a acontecer no meio da década. A 3dfx, com sua revolucionária Voodoo Graphics, iniciou uma revolução que mudou para sempre a experiência visual dos games.
Monitores CRT com 14 a 17 polegadas com resoluções de até 1024×768 eram padrão, mas a qualidade da imagem ainda estava longe do que hoje chamamos de realismo. O disco rígido, muitas vezes entre 100 a 200 MB no começo da década, limitava a quantidade de jogos e softwares que podiam ser instalados, fazendo com que gamers tivessem que ser seletivos.
Em 1990, montar um PC top para jogos custava na faixa de US$ 3.000 a US$ 6.000, equivalente a cerca de US$ 7.000 a US$ 15.000 hoje, dependendo do componente. Em 1995, a chegada do Pentium 100 MHz e placas 3D elevou a performance, mas o custo ainda era alto — US$ 3.000 ou mais. Já em 1999, com Pentium III rodando a quase 1 GHz e memórias que ultrapassavam os 128 MB, o PC gamer custava entre US$ 2.500 e US$ 4.000.

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Jogos clássicos que definiram a década
DOOM (1993)
Poucos jogos definem o PC gamer nos anos 90 como DOOM. Foi o primeiro grande sucesso do gênero FPS, trazendo gráficos 3D revolucionários para a época e um gameplay frenético e viciante. As jogatinas na LAN com os amigos, disputando partidas de “deathmatch”, criaram comunidades locais que viviam o multiplayer antes da internet de alta velocidade. Cada morte, cada vitória, era marcada em um caderno ou simplesmente na memória. DOOM criou um padrão para jogos de tiro que perdura até hoje.

Warcraft: Orcs & Humans (1994)
Antes de StarCraft e Warcraft III, Warcraft: Orcs & Humans trouxe a estratégia em tempo real ao mainstream. O jogo trouxe horas de planejamento, construção e batalhas entre orcs e humanos que fascinavam pela profundidade tática. O título também iniciou o que seria uma das maiores franquias do gênero.

SimCity 2000 (1993)
Para os gamers que gostavam de criar em vez de destruir, SimCity 2000 era um convite à construção e administração. Simples na proposta, mas incrivelmente complexo em sua execução, ele permitia criar cidades inteiras, lidar com desastres e gerenciar recursos. Muitos jogadores passaram horas sem parar, viciados em otimizar suas cidades pixeladas.

Diablo (1996)
Um RPG de ação que definiu o gênero, Diablo foi um marco por sua atmosfera sombria, sistema de loot viciante e jogabilidade cooperativa pela rede. Jogar com amigos, explorando calabouços gerados proceduralmente, era uma experiência social e tecnológica — ainda mais por conta da complexidade para configurar redes TCP/IP na época. Sem falar na trilha sonora que marcou toda uma geração.

Age of Empires (1997)
Clássico da Ensemble Studios, Age of Empires revolucionou os jogos de estratégia em tempo real ao combinar construção de impérios, gestão de recursos e batalhas históricas. Com civilizações variadas e evolução tecnológica, trouxe profundidade e acessibilidade, influenciando toda uma geração de RTS. Seu modo multiplayer também ajudou a consolidar o gênero nos e-sports.
Quake (1996)
Outra revolução da id Software, Quake elevou o FPS para a verdadeira 3D, com suporte a multiplayer via internet. Foi o jogo que começou a construir as bases do e-sport, reunindo players em competições locais e online, apesar das limitações da internet discada.

Tomb Raider (1996)
Lara Croft entrou para a história dos games em 1996, trazendo uma mistura inédita de aventura, exploração e ação em ambientes tridimensionais. O jogo marcou o início de uma franquia que se tornaria um ícone cultural e ajudou a popularizar os jogos em 3D para o público mainstream. Com seus puzzles desafiadores e cenários imersivos, Tomb Raider foi muito mais que um jogo — foi uma experiência que quebrou barreiras.

Duke Nukem 3D (1996)
Cheio de atitude e humor irreverente, Duke Nukem 3D elevou o nível dos shooters com seu design de níveis cheio de interatividade e referências pop. O jogo capturou a vibe dos anos 90 com falas engraçadas, armas insanas e ambientes detalhados. Foi um sucesso que garantiu seu lugar no panteão dos clássicos do PC.

StarCraft (1998)
Lançado no final da década, StarCraft foi um marco absoluto na estratégia em tempo real, especialmente para o cenário multiplayer competitivo. Com três raças únicas — Terranos, Zergs e Protoss — e um equilíbrio perfeito, ele se tornou um fenômeno global, especialmente na Coreia do Sul, onde criou a base dos e-sports modernos. Sua influência ainda é sentida nos jogos de estratégia atuais.

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As empresas que moldaram o cenário PC
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id Software: pioneira em FPS, revolucionou com Wolfenstein 3D, DOOM e Quake. Suas engines deram origem a uma nova era da jogabilidade e da tecnologia gráfica.
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Blizzard Entertainment: com Warcraft, Diablo e StarCraft, Blizzard elevou o padrão de narrativa, multiplayer e qualidade gráfica em jogos de PC.
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Maxis: responsável por SimCity e seus derivados, trouxe o gênero de simulação para o público massivo.
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Sierra On-Line: com clássicos de aventura como King’s Quest e Space Quest, definiu o gênero point-and-click.
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Valve (fundada em 1996): lançou Half-Life em 1998, outro marco da indústria, combinando narrativa e FPS.
O impacto da internet e do multiplayer
Nos anos 90, a internet começava a se popularizar, e junto com ela, o conceito de jogar online ganhou força. Jogos como Doom, Quake e Age of Empires passaram a oferecer modos multiplayer que conectavam jogadores pelo mundo, mesmo que com velocidades lentas e muitas vezes instáveis de conexão discada.
As LAN parties, encontros onde gamers reuniam seus computadores para partidas locais, viraram um ritual social indispensável. A competição amistosa e a troca de estratégias nesses eventos fomentaram comunidades que iriam se expandir e se profissionalizar nos anos seguintes, dando origem ao que hoje conhecemos como e-sports.
Conclusão
A década de 1990 foi a base que moldou o universo dos games para PC como conhecemos hoje. Entre desafios técnicos, criatividade e inovação, surgiram clássicos que até hoje são reverenciados e jogados por fãs. A paixão dos gamers da época por hardware limitado, conexões lentas e interfaces pouco amigáveis só mostra o quanto o amor pelos jogos é maior que as dificuldades.
Se hoje temos gráficos ultra-realistas, conexões rápidas e mundos online gigantescos, devemos muito àquele período de pioneirismo e experimentação. Os anos 90 foram o laboratório onde o gaming PC encontrou sua alma — uma mistura de nostalgia, saudade e reconhecimento pelo que veio antes.
MAFIA THE OLD COUNTRY ESTÁ PRONTO!