
O avanço gráfico nos games sempre esteve atrelado à capacidade de renderizar imagens cada vez mais realistas em tempo real. Nas últimas gerações de GPUs, duas tecnologias tornaram-se o centro desse debate: o Ray Tracing e o DLSS (Deep Learning Super Sampling). Mas, na prática, elas realmente fazem diferença para o jogador comum? Ou são apenas palavras de efeito usadas para justificar placas de vídeo mais caras?
Nesta matéria, exploramos o que são essas tecnologias, como elas funcionam, suas aplicações práticas, e se o custo-benefício vale para quem busca uma experiência de jogo superior.
O que é Ray Tracing?
Ray Tracing (ou traçado de raios) é uma técnica de renderização que simula com precisão como a luz interage com objetos. Diferente da iluminação tradicional, que “finge” efeitos visuais com truques de programação (como o baked lighting), o Ray Tracing calcula a trajetória de cada raio de luz, gerando:
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Reflexos dinâmicos realistas
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Sombras suaves e com penumbra
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Iluminação global (Global Illumination)
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Transparência e refração de materiais
Exemplo prático:
Em Cyberpunk 2077, ao ativar o Ray Tracing, o reflexo de neon nos carros e poças d’água muda dinamicamente com o ângulo da câmera. Sem a tecnologia, esses reflexos são estáticos ou pré-renderizados.
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O que é DLSS?
O DLSS é uma tecnologia da NVIDIA baseada em inteligência artificial. Em vez de renderizar o jogo em resolução nativa (por exemplo, 4K), o DLSS o renderiza em resoluções menores, como 1080p ou 1440p, e usa redes neurais para reconstruir a imagem com aparência de alta resolução.
Atualmente, o DLSS está na versão 3.5, com as seguintes melhorias:
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DLSS 2: Super resolução com melhor nitidez e estabilidade de imagem.
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DLSS 3: Introdução do Frame Generation – cria quadros inteiros para aumentar o FPS.
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DLSS 3.5: Reconstrução de raios, aprimorando a qualidade de Ray Tracing com menos ruído.
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Ray Tracing na prática: ganhos visuais vs. custo de desempenho
Apesar de sua sofisticação, o Ray Tracing impõe um peso muito alto no desempenho. Em jogos como Metro Exodus Enhanced Edition ou Alan Wake 2, ativar todos os efeitos de traçado de raios pode reduzir o FPS pela metade.
Prós:
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Realismo sem precedentes
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Melhoria significativa em iluminação e reflexos
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Experiência cinematográfica imersiva
Contras:
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Altíssimo custo de performance: placas como a RTX 4060 ou inferior sofrem.
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Poucos jogos utilizam Ray Tracing de forma integral (a maioria usa parcialmente).
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Em movimento rápido, muitos efeitos são imperceptíveis.
Conclusão técnica: em monitores de 60 Hz, os benefícios podem ser mais visuais do que práticos. Já para quem busca qualidade gráfica máxima em 4K com 120 Hz, o Ray Tracing pode ser o diferencial estético.
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Comparativo direto: com vs. sem Ray Tracing e DLSS
Jogo | RT ON / DLSS OFF | RT ON / DLSS ON | RT OFF / DLSS ON | RT OFF / DLSS OFF |
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Cyberpunk 2077 | 35 FPS | 62 FPS | 85 FPS | 60 FPS |
Alan Wake 2 | 22 FPS | 45 FPS | 74 FPS | 51 FPS |
Control | 40 FPS | 70 FPS | 100 FPS | 80 FPS |
Testes realizados em resolução 1440p com RTX 4070Ti e DLSS em “Quality Mode”
Ray Tracing vs. DLSS: o que realmente importa hoje?
Ray Tracing é, sem dúvida, uma revolução gráfica, mas ainda enfrenta limitações técnicas e de adoção. Já o DLSS se consolidou como uma solução prática e eficiente, democratizando o acesso à alta resolução e viabilizando experiências fluidas em placas intermediárias.
Critério | Ray Tracing | DLSS |
---|---|---|
Ganho visual | Alto | Médio |
Impacto no desempenho | Muito alto (negativo) | Alto (positivo) |
Disponibilidade | Limitado a jogos compatíveis | Amplo e em crescimento |
Relevância prática | Estética | Jogabilidade |
Requisitos | RTX 20XX ou superior | RTX 20XX ou superior |
Vale a pena investir em hardware para usar essas tecnologias?
Sim, se:
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Você quer gráficos de última geração e realismo visual.
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Você possui um monitor de alta resolução e taxa de atualização.
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Você joga títulos AAA compatíveis com ambas as tecnologias.
Não, se:
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Você prioriza desempenho bruto (FPS) e competitividade.
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Seu orçamento está limitado (GPUs como RX 6600 ou GTX 1660 ainda entregam ótimos resultados).
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Você joga títulos mais leves ou competitivos (Valorant, CS2, LoL), onde Ray Tracing e DLSS são irrelevantes.
Futuro: para onde caminha o Ray Tracing e o DLSS?
O futuro dos gráficos em tempo real está diretamente ligado a esses avanços. A NVIDIA já aposta em DLSS 4.0, e a AMD desenvolve o concorrente FSR (FidelityFX Super Resolution), enquanto o Ray Tracing tende a se tornar parte natural das engines (Unreal Engine 5, Unity HDRP). No entanto, a democratização plena só virá com mais eficiência energética e placas mais acessíveis, algo que o mercado ainda não resolveu por completo.
Conclusão
Ray Tracing e DLSS transformaram o visual e o desempenho dos jogos modernos. Contudo, suas contribuições seguem caminhos distintos: por um lado, o Ray Tracing funciona como uma vitrine gráfica; por outro, o DLSS se consolida como uma ferramenta prática e acessível. Quando utilizadas em conjunto, essas tecnologias revelam o que a próxima geração dos games pode oferecer. Entretanto, analisando de forma isolada, o DLSS atualmente entrega benefícios mais diretos ao jogador médio.
Portanto, para quem busca o equilíbrio ideal entre performance, qualidade gráfica e custo, ativar o DLSS e manter o Ray Tracing em níveis moderados representa a escolha mais inteligente — ao menos por enquanto.