
A Capcom finalmente revelou ao mundo Resident Evil Requiem, o nono capítulo numerado da lendária franquia de survival horror. Com lançamento marcado para 27 de fevereiro de 2026 no PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, o título já levanta uma questão essencial: será este o jogo que reconectará a série com suas origens sombrias, ou apenas mais uma repetição segura da fórmula introduzida em Resident Evil 7?
A expectativa em torno de Resident Evil 9 não é pequena. O novo jogo traz como protagonista Grace Ashcroft, uma agente do FBI que investiga assassinatos brutais ligados a um hotel onde sua mãe — a jornalista Alyssa Ashcroft, de Resident Evil Outbreak — morreu. O cenário é ainda mais carregado: Raccoon City, trinta anos após sua destruição nuclear, retorna como palco de mistério, decadência e possíveis verdades enterradas.
Desde Resident Evil 7, a Capcom apostou em uma mudança estrutural radical. A câmera em primeira pessoa, o terror psicológico e o foco narrativo foram recebidos com entusiasmo, mas também dividiram a base de fãs. Resident Evil Village tentou expandir essa abordagem com mais ação, porém perdeu parte da tensão que definiu os títulos originais. Agora, Requiem propõe um novo equilíbrio: visão alternável entre primeira e terceira pessoa, atmosfera claustrofóbica e um enredo com raízes profundas no passado da franquia.
A sombra de Resident Evil 7
É inegável que Resident Evil 7 salvou a franquia do desgaste criativo. Após os excessos de ação desenfreada em Resident Evil 6, o sétimo jogo apostou na introspecção, na vulnerabilidade e na ambientação opressiva — características que aproximaram a série de suas origens em 1996. No entanto, a mecânica de primeira pessoa, embora eficaz, também gerou críticas. Muitos jogadores sentiram falta da conexão emocional que os protagonistas clássicos, como Leon S. Kennedy e Jill Valentine, proporcionavam.
Em Requiem, a Capcom parece responder a essa crítica. O retorno da perspectiva em terceira pessoa pode ser visto como um aceno aos fãs das antigas. Além disso, rumores indicam que personagens clássicos poderão retornar, ainda que a trama permaneça centrada em Grace. Essa estratégia, embora cautelosa, aponta para uma tentativa de conciliar duas gerações de jogadores.
Atmosfera, não ação
Outro ponto de destaque é o compromisso com o horror psicológico. O trailer de anúncio, divulgado no Summer Game Fest 2025, mostra ambientes úmidos, silenciosos e decadentes — um contraste direto com o ritmo frenético de Village. A ambientação de um hotel abandonado, repleto de traumas e memórias distorcidas, ecoa o design de Resident Evil: Code Veronica e Silent Hill 2. A demo técnica, que será disponibilizada na Gamescom em agosto, já foi descrita por jornalistas como “sufocante e perturbadora”.
A Capcom também aposta em narrativa. Grace Ashcroft não é uma combatente treinada, mas uma investigadora. Isso muda completamente a dinâmica do jogo. A vulnerabilidade da protagonista, somada a sua conexão emocional com o local, favorece a construção de tensão genuína. A sensação de impotência — ausente nos últimos títulos da série — parece voltar com força total.
Reinvenção ou reciclagem?
Apesar de todos os elementos promissores, paira a dúvida: até que ponto Resident Evil 9 representa uma evolução real? Há quem veja o jogo como uma reciclagem de Resident Evil 7 com melhorias gráficas e estrutura refinada. A alternância de câmeras pode agradar, mas não garante profundidade por si só. Por outro lado, o retorno a Raccoon City, a densidade narrativa e a estética mais contida indicam um projeto mais ambicioso.
É preciso lembrar que a série sempre oscilou entre inovação e repetição. Resident Evil 4 revolucionou os jogos de ação com sua câmera sobre o ombro, mas gerou uma onda de imitadores — inclusive dentro da própria Capcom. Já Resident Evil 5 e 6 ampliaram o escopo, mas se afastaram do terror. Resident Evil 7 reiniciou o ciclo. Agora, Requiem pode ser o capítulo que finalmente equilibra passado e presente, medo e jogabilidade, narrativa e mecânica.
Conclusão
Ainda é cedo para cravar o impacto de Resident Evil Requiem, mas os sinais são claros: a Capcom busca reconectar a série com suas raízes sem abandonar os avanços modernos. O retorno ao horror atmosférico, a aposta numa protagonista vulnerável e a ambientação densa indicam um jogo mais contido e focado. Se bem executado, Resident Evil 9 pode ser lembrado como o ponto de convergência entre as eras da franquia — ou, caso falhe, apenas como mais uma bela promessa perdida no eco dos corredores escuros da Umbrella.
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