O novo filme Superman, dirigido por James Gunn, mal chegou aos cinemas, mas já está mergulhado em controvérsia. Dessa vez, não por efeitos especiais ou decisões criativas, mas por transformar o maior herói da cultura pop em símbolo de um debate político. A crítica partiu de Dean Cain, ator que viveu o herói nos anos 90. Desde então, as redes sociais fervem com reações de ambos os lados. No entanto, é preciso ir além da polêmica e analisar com sobriedade: Superman não pode ser usado como ferramenta ideológica. Ele deve permanecer acima da política.

Dean Cain liga o alerta: “Estão deturpando o que o Superman representa”

Dean Cain, conhecido por interpretar Clark Kent em Lois & Clark, declarou recentemente que o novo filme “vai politizar ainda mais o personagem”. A fala repercutiu justamente por tocar em um ponto sensível: a tentativa de moldar ícones universais ao gosto de agendas políticas atuais.

Segundo Cain, o fato de Superman ser um imigrante não justifica tratá-lo como símbolo de disputas ideológicas modernas. “Superman sempre defendeu o que há de melhor nos EUA: liberdade, justiça e mérito — não relativismo político ou discursos encomendados”, disse ele em entrevista ao TMZ.

Apesar da resposta cuidadosa, James Gunn não dissipou a tensão

Embora o diretor tenha adotado um tom diplomático, afirmando que o filme trata de “bondade e empatia”, sua proposta de recontar a origem de Superman com um viés mais social levanta questionamentos. Afinal, quando a narrativa deixa de ser atemporal e começa a refletir a política do momento, o personagem deixa de ser universal e passa a ser divisivo.

Portanto, mesmo sem atacar diretamente Cain, Gunn não respondeu ao ponto central: por que inserir pautas contemporâneas em um personagem que, por definição, deveria representar valores perenes?

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O elenco reagiu com militância — e acentuou o problema

Enquanto James Gunn tentou esfriar o debate, outros membros do elenco seguiram o caminho oposto. Sean Gunn, irmão do diretor, rebateu com dureza: “Apoiamos nossos imigrantes. Se você é contra isso, então não é americano.” Já Nathan Fillion ironizou a polêmica: “É só um filme, gente. Alguém precisa de um abraço.”

Contudo, essa postura apenas aprofunda a divisão. Ao associar críticas legítimas à ideia de xenofobia ou intolerância, o elenco evita o debate real: o público quer ver o Superman como um herói ou como um porta-voz de uma ideologia?

Superman é maior que qualquer agenda

Desde sua criação em 1938, por Jerry Siegel e Joe Shuster, Superman representou esperança, coragem e justiça. Sim, ele é um imigrante — veio de Krypton. No entanto, ele escolheu os Estados Unidos como lar, absorveu seus valores e passou a defendê-los com firmeza. Ele não contesta a cultura local; ele a fortalece. Portanto, reduzi-lo a uma alegoria de causas políticas atuais é não apenas um erro criativo, mas também uma traição à sua essência. Heróis como Superman existem para unir, não para dividir. Quando suas histórias passam a ser filtradas por disputas ideológicas, eles perdem o poder de falar a todos — independentemente de classe, cor ou convicção.

O risco de perder o público

A tentativa de politizar personagens clássicos já demonstrou seu custo. Reboots como A Pequena Sereia e Branca de Neve enfrentaram rejeição por colocarem discurso acima da narrativa. Em vez de atrair novos públicos, afastaram os antigos.

O novo Superman corre esse mesmo risco. Em vez de celebrar um herói atemporal, o filme parece disposto a usá-lo como instrumento de afirmação política. E isso pode custar caro na bilheteria e, pior ainda, na identidade do personagem.

Conclusão: Superman precisa continuar sendo de todos

É possível atualizar heróis. É possível torná-los mais humanos, mais complexos, até mais sensíveis às questões do presente. No entanto, é fundamental respeitar o que eles representam. Superman não é democrata, nem republicano. Não é de esquerda, nem de direita. Ele é símbolo daquilo que transcende tudo isso.

Quando um estúdio tenta transformá-lo em bandeira, ele deixa de ser herói para se tornar propaganda. E isso, para qualquer fã de verdade, não é só desrespeito — é desperdício de um legado.

A nova versão de Superman estreou nos cinemas brasileiros 10 de julho de 2025, um dia antes do lançamento nos Estados Unidos. Ainda há tempo para o público decidir: está diante de um herói universal — ou de um personagem remodelado para agradar agendas passageiras?